Sempre fui uma pessoa meio legalista. Não vou ser hipócrita de afirmar que nunca descumpri uma regra, porque eu sou humana e falho (e como!), mas o fato é que eu sou aquele tipo certinha, que adora seguir uma regra, e não cumpri-las me deixa muito estressada.
Depois que o FH nasceu, essa minha característica se tornou ainda mais forte: é como se eu o estivesse ensinando, pelo meu exemplo, que o mundo possui regras e que ele funciona melhor se todos fizermos a nossa parte cumprindo-as. Já tinha esse discurso como professora de Direito, a gora como mãe, ele se tornou ainda mais presente na minha vida.
Estou contando isso porque sempre vejo pais e mães que carregam os filhos soltos nos carros. O Código de trânsito mudou, obrigou os pais a carregarem as crianças no banco de trás e nas cadeirinhas, e o fato é que hoje vemos muitas cadeirinhas nos carros, mas as crianças não estão sentadas nelas.
Na minha casa eu e meu marido não permitimos isso. O FH só anda na cadeirinha e ponto final. Essa é uma regra que ele nem questiona e nunca faz birra pra não ir na cadeirinha. Já carreguei ele solto no carro? Já, excepcionalmente, por uma ou outra necessidade, mas confesso que não gosto e passo o tempo todo dentro do carro rezando pra que nada aconteça. Porque sei que se acontecer algo eu morreria de remorso, então é uma prática que eu evito ao máximo.
E essa é uma decisão que não cabe ao FH, obviamente. Ela é uma decisão de adultos, que por acaso, somos eu e o pai dele. Porque eu já ouvi isso de alguns pais: ah, meu filho não gosta da cadeirinha. Epa, mas quem é o adulto nessa relação? Quem é que deveria decidir isso mesmo?
Mas o fato é que, a cadeirinha, por si só, não evita muita coisa. Confesso que eu dirijo infinitamente mais tranquila com o FH na cadeirinha, ainda mais aqui em Palmas, capital mundial dos barbeiros no trânsito. Já passei por situações estressantes no trânsito com ele, em que nada aconteceu, mas eu acho que reagi bem na hora justamente por imaginar que, na pior das hipóteses, ele ficaria são e salvo.
E qual não foi minha surpresa ao ler na Folha de São Paulo (veja reportagem
aqui) que as cadeirinhas testadas pela PROTESTE não protegem as crianças em caso de colisão lateral? E aí as empresas alegam em sua defesa que seguem TODAS as normas de segurança exigidas pelo Brasil na fabricação de cadeirinhas?
Entrei no site da
PROTESTE e vi que a cadeirinha do FH não foi testada (não sei se pro meu alento ou pro meu desespero) e que, apesar de o site recomendar alguns modelos, nenhum é 5 estrelas. A única cadeirinha com 4 estrelas nem é fabricada no Brasil, é importada da Itália. Então como ficamos? Os argumentos que eu uso com meus colegas que insistem em carregar os filhos soltos no carro caem por terra?
INMETRO, você que é responsável por regulamentar essas normas técnicas, vamos aperfeiçoar essa aí? Porque, afinal de contas, ninguém inventou a moda da cadeirinha só pros pais gastarem mais dinheiro né? E não é justo precisar importar produtos de outros países pra oferecer segurança efetiva para nossos filhos no trânsito.
Defendo um trânsito mais gentil, a começar pelo seguimento estrito das regras. Muitas mortes e dores seriam evitadas se cada um fizesse sua parte no trânsito. E imagino que essas pessoas que por negligência se envolvem em acidentes, devem sentir muito remorso depois. Então por que não evitar essa dor? Penso que se eu me envolver em um acidente, tem que ser por fatalidade, e não porque, de algum modo, eu contribuí pra isso. Posso sentir dores de toda sorte, mas a da consciência eu escolho evitar.
E você, como carrega seus filhos no carro?
Um beijo,
Aline